terça-feira, julho 14, 2009

III Romaria e Procissão no rio Sado


III Romaria e Procissão no rio Sado: "III Romaria e Procissão no rio Sado
Dia 18, 20h, Igreja de Sta. Mª do Castelo

A igreja de Santa Maria do Castelo, em Alcácer do Sal, é o ponto de partida para a III Romaria e Procissão no rio Sado, dedicada a Nossa Senhora do Castelo.

O tributo em honra aos homens do mar começa às 20h e depois a imagem da Nossa Senhora do Castelo sai em procissão da Igreja descendo até ao rio Sado. No cais do largo da Ribeira Velha a imagem entra nos barcos para abençoar os pescadores e prossegue a procissão no rio.

Org: Junta de Freguesia de Santa Maria do Castelo e apoio da Câmara Municipal de Alcácer do Sal.

10 comentários:

Anónimo disse...

Então a Romaria é um tributo aos homens do mar?
Homens do mar em Alcácer? Isso será uma história mal contada?
O que eu sei por certo é que Santa Maria do Castelo foi a Primeira Freguesia ganha pelos Republicanos em Alcácer - se me não falha a memória, em 1909. Os mesmos republicanos que combatiam pela separação da Igreja do Estado...
Tudo para acabar com a Monarquia, enfraquecer a clericalha e cem anos depois a junta organizar uma procissão!
Mais do que um novo 25 de Abril, é preciso um novo 5 de Outubro?

ARC disse...

Desde o 1 Milénio antes de Cristo que Alcácer está ligada ao oceano (comércio, pesca, guerra, sal, construção naval, etc).
Desde meados do século XX que estamos de costas voltadas para o estuário do Sado-versos mar, daí a interrogação que expõe no seu comentário.
A História é feita de ciclos, altos e baixos. Como refere, no final da Monarquia imperava a vontade de cortar com o passado, por isso venceram os Republicanos.
Actualmente vive-se noutro século, mas não deixamos de ser pessoas, com os problemas do dia à dia. Cada um escolhe a via que lhe dá algum significado ao seu quotidiano!
Os homens ligados ao mar na Alcácer de hoje são escassos e o nucleo mais importante presumo que fica na Carrasqueira - Freguesia da Comporta.
Como investigador da História de Alcácer, não faço comentários sobre a procissão - limito-me a registar o que vai acontecendo e é importante que a procissão aconteça, para que a memória do rio e do oceano não morram nesta cidade.
A Alcácer de hoje deve ser um espaço de tolerância e abertos a todas a ineciativas, mesmo aquelas que poderão eventualmente não terem sentido para nós em particular! É a tolerancia que define uma sociedade e permite criar espaço para crescer.
Pelo seu comentário, depreende-se que não entende a procissão, mas acredite que ela é importante para cimentar a identidade desta cidade.
Defendo que seria importante haver mais estudos de História Local Alcacerense para os séculos XIX e XX, mas essa não é a minha área de especialização.
Como já referi anteriormente, este espaço encontra-se aberto a contributos nessa área, com a resalva que os artigos ou ensaios terão que ser assinados pelos seus autores.

Anónimo disse...

Caro ARC

Permita-me que faça alguns comentários ao seu texto.
Bem sei que Alcácer está ligada ao rio, o mar seria já outra questão, não menos pertinente!
É importante manter viva essa memória.Estou, perfeitamente de acordo. Refere o núcleo da carrasqueira eu lembro-me da comunidade "ovarina" do cabo de são pedro e da marchas...
É importante manter viva a memória do rio, pois, mas se ver com atenção não é disso que aqui se trata. Aliás a senhora é a senhora do Castelo. Como percebe, ela não sabe nadar...
Valoriza a tolerância, eu também, o que me assusta é que com estas manifestações de "religião de estado e oportunismo católico" o que está a morrer é justamente a tolerância. Que estado é este que patrocina uma religião? Que esse estado a dizer aos que têm outra religião, aos que não têm nenhuma? Que estão errados? Que são cidadãos menores?
Diz-me que é importante para cimentar a identidade da cidade. Eu por formação desconfio sempre do termo identidade - os antropologos já o "mataram" há algum tempo.
Ainda que o aceitassemos, a religião católica fará parte dessa identidade da cidade? É que se faz então isso significa que eu que sou Republicano e Laico e até pensava viver cá, tenho de repensar. Porque se esta cidade tem uma identidade católica isso significa que individuos como eu não têm cá lugar.
Gosto de pensar lugares de liberdade e neles cabemos todos, de todas as religiões e de todas as espiritualidades! E até os que não a terão!
Noutros sitios onde vivi percebi onde nos leva essa TRETA da "identidade católica". A tolerãncia não passa por lá.
Se alcácer segue esse caminho. Muito Bem.
Então, tipos como eu estão a mais!
Pode-lhe parecer um comentário um pedaço extemporâneo. Seja.
Sabe nunca pensei que a terra dos meus avós chegasse a isto.

Saúde e Fraternidade

Ricardo Soares disse...

Parece um manifesto tirado dos jornais republicanos da segunda metade do século XIX... o próprio Antero escreveu que a revolução era «o Cristianismo do mundo moderno»!!!

ARC disse...

Felismente quem constitui as cidades são as pessoas que ao longo de anos ou gerações, tecem laços que as unem. Acredite que todos temos espaço em Alcácer. Os problemas só surgem quando alguns grupos se afirmam senhores desta cidade. Eu estudo a História desta cidade e dá para perceber que as ideias e as pessoas são como folhas soltas no vento. O que ficam são as árvores e elas metaforicamente podem ser comparadas à paisagem urbana, aos monumentos e à escrita e investigação da sua História local e divulgação das suas tradições locais. Por isso, as tradições, romarias, poesia criada e bebida no campo há séculos atrás criada no calor do trabalho e a perpectuação de rituais de quotidiano são fundamentais para alguem se identificar com determinado lugar. Nós só somos Portugueses fora das fronteiras nacionais. Com o alcacerense passa-se o mesmo. Ele só se assume como tal se viver fora desta cidade ou municipio. Cá dentro ele identifica-se com uma familia, com um bairro, com uma aldeia e num patamar mais abrangente com uma freguesia. São estas as "bolhas" de identidade em termos espaciais que rodeam cada um de nós, quando saimos de casa ou até mesmo quando circulamos no meio digital. Repare no titulo deste Blog - ele assume desde logo a minha área de especialização, mas está longe de abrangerem a totalidade da História de Alcácer. Devia haver Blogs para a Idade do Ferro, para o estudo da Republica, etc.
Em relação ao este Blog - o titulo tem 3 grafias linguisticas diferentes - o árabe, o português e o judaico. Todas elas representam as três comunidades alcacerenses que melhor ou pior, partilharam esta terra entre si. Tambem terá existido espaços sombra, onde com dificuldade e com perigo de vida, circulavam pessoas exteriores a estas três comunidades. Portanto, existe ainda muito trabalho por fazer.

Anónimo disse...

Eu penso que a procissão tem todo o direito a ser feita. No fundo é também ela uma recriação histórica. Assim como as feiras medievais ou, uma melhor comparação, as exposições de fósseis de dinossauros. Não há nada de mal em "recriar" um passado que nunca mais voltará.

Anónimo disse...

já se descaiu a dar a resposta à sondagem que aqui está a lado. Numa etiqueta colocou São Vicente, logo será o santo padroeiro de Alcácer. Por acaso não sabia. Esclareça-me só um questão. A figura de S. Vicente está intimamente ligada ao santuário senhor dos mártires, penso que até dá nome a uma das capelas, e é lá que encontramos uma imagem deste santo. Corrija-me se estiver errado.

ARC disse...

Bem, tem razão.
O patrono de Alcácer do Sal continua a ser São Vicente. Digo continua, porque essa referencia documental encontra-se na descrição mais complecta de Alcácer do Sal escrita no século XVIII e até hoje não foi motivo de rectificação ou actualização por parte da diocese ou paroquias de Alcácer do Sal. O que é estranho, é a propria Diocese de Évora omitir esse este facto ou até mesmo o desconhecer?.
Se consultar o seu saite ofical - não existe referência para o orago da cidade de Alcácer, mas fazem referencia aos Oragos das duas freguesias urbanas - Santa Maria do Castelo e Santiago.
Tenho um artigo sobre esta questão que vai sair no próximo Neptuno, cuja versão digital será inserido neste Blog. Em relação às questões que me coloca não tenho elementos seguros para responder neste momento. Só sei que o santuário do Senhor dos Mártires era rival da Ermida de São Vicente, que actualmente não existe - ficava junto ao actual Mini-preço de Alcácer do Sal.
Apesar de ter dado a resposta, vou deixar por agora o inquérito on-line.

ARC disse...

Concordo com o anónimo que afirma que é importante a Romaria, as feiras medievais e os fosseis.
As romarias fazem parte da "alma de um povo". É isso que atrai os turista a esta terra. É o diferente e o poder participar livremente em festas populares que desperta a curiosidade e a vontade de participar. Por isso amanhã, podem contar com o grupo de 40 jovens e menos jovens (de Odivelas) que hoje estiveram comigo numa visita guiada pelo municipio de Alcácer do Sal, desde a Cripta Arqueológica do Castelo, Capela das 11 000 Virgens, Torrão, vale do Xarrama, etc.

Anónimo disse...

O passado oferece-nos uma panóplia de acontecimentos que poderemos sempre recriar. Uma panóplia onde, no limite, a mais insustentável beleza contrasta com a mais rude violência.
A questão é saber o que é que queremos recriar. E essa nossa opção diz muito daquilo que queremos para o presente e o futuro.
Quando Salazar recriava o Portugal medievo sabia o que pretendia.
Mas se bem ler o primeiro post que aqui surge, por mim colocado, não se debate a questão da recreação histórica - um tema muito pertinente - mas, antes a questão da separação do estado e da igreja. É preciso não olhar ao lado e saber olhar de frente!
Fala-se da mais valia da procissão para o turismo, então agora os fins justificam os meios? Cuidado, sabemos onde isso nos leva.
Só uma última nota para o Ricardo Soares.
A república não é uma coisa do passado, é "grávida de futuro". Já que invoca Antero de Quental, sobretudo porque é um texto datado, sugiro-lhe a leitura de "As causas da decadência dos povos peninsulares" (cito de memória). Talvez depois perceba melhor o alcance das afirmações do Repúblicano, Socialista e Maçon Antero de Quental.